Eu vou contar pra vocês
Uma história respeitosa
Há muitos anos atrás
Numa paisagem bem formosa
Teve início pela fé
Nossa paróquia honrosa
Em 1840, já passava nessa rota
D.Ana Sousa Santos
Mulher de fé e virtuosa
Fazendo a travessia
Numa liteira seguia
Bem humilde e charmosa
Saía da fazenda Caís
Pra Monte Alegre se dirigia
Pagar a sua promessa
Ela jamais desistia
Venerar Nossa Senhora das Dores
É o que ela mais fazia.
De acordo a pesquisa
Me informaram também
O motivo dessa senhora
A capela em Bx. Grande fez,
São 150 anos da Paróquia
Muitas coisas abreviei
D. Ana já cansada
A seu filho fez pedido
Eu gostei dessa baixada
E aqui eu acredito
Vai chegar muitos fiéis
Igual a mim, eu não desisto.
E assim foi decidido
O filho obedeceu
Construindo a capela
Muita coisa aconteceu
Terra de gente devota
Nossa Senhora das Dores acolheu.
Pra continuar este cordel
Pedi força e inspiração
Vou falar sobre a paróquia
Muita gente, botou a mão
Muitos anos se passaram
Não tem papel que dê não.
Com licença conterrâneos
Para eu continuar
A história da capela
Para todos decifrar
Os de ontem sabem muito
Os de hoje escutar.
Quero relembrar também
Que a cidade começou
Com a construção da capela
Em 1860 ela se edificou
Foram construindo casas
E os fiéis só aumentou
Faltava a padroeira
D. Ana a rezar
Como conseguir a Santa
Pra levar até o altar
Apareceu uns padres franceses
A solução veio reinar
Os padres viajaram
Para França partiu
Ficando decidido
A imagem garantiu
Agosto de 1861
Nossa Senhora surgiu
D. Ana muito feliz
Os escravos encaminhou
Para Feira de Santana
Receber a imagem com louvor
Não descobri com quantos dias
Nossa Shrª chegou
D. Ana contentíssima
O caixote logo abriu
Retirou-se a imagemº
E feliz ela sorriu
Achando-a alta e bonita
Um presente reluziu
Tirando da sua orelha
Brincos lindos de brilhantes
Com 5 pingentes cravados
Passou pra Santa radiante
Colocou a preciosidade
Ficando uma beleza gigante
Tô aqui emocionado
Da fé de D. Ana falar
Oh! Mulher religiosa
Caridosa e exemplar
Eita fé inabalável
Até cilício chegava usar.
Ficou tudo preparado
D. Ana avisou
Pra todos da fazenda Cais
E arredores informou
Quero todos na procissão
Levando Nossa santa ao altar –mor.
D. Ana também
A procissão acompanhou
Dois dias de caminhada
Oh! trajeto que durou
E chegaram a capela
No altar a colocou
Mas o tempo foi passando
Como a história também
Chegou a hora de D. Ana
Que partiu para o além
Deixando filhos e a saudade
Para sempre amém.
Mesmo antes de partir
Ao seu filho entregou
Cuide da nossa capela
Não esqueça por favor
O que eu queria fazer
Você pode meu amor.
Manuel Ribeiro Soares
Homem de dotes e sabedoria
Devoto de Nossa Senhora da Conceição
Não negava, logo dizia
Viva a minha mãezinha
Me protege noite e dia.
Uma ideia tinha em mente
Nossa Shrª reverenciar
trocou Nossa Shrª das Dores
a outra foi pro lugar
nossa senhora da conceição
Padroeira a reinar.
Que também veio da França
Manuel Ribeiro mandou comprar
Tinha uma linda coroa de ouro
Que foi furtada ao chegar
O filho de D. Ana
Comprou outra pra coroar
A capela de Baixa Grande
Muitos presentes recebeu
Agraciada e querida
Foi assim que ela cresceu
Muitas peças importantes
Ela se desenvolveu
O crucifixo do alta – mor
De Maria Ignez recebeu
O sino de Felisberto
Foi assim que aconteceu
Senhor dos Passos de Manuel Camilo
Uma lembrança ele deu
O coração de Maria
A família Miranda veio ofertar
Nossa Shrª das Vitórias
O vigário do lugar
Que na década de 30
Pe. José Martins atuava por cá.
Eita que povo bondoso
E de uma fé ardente
Ainda vou apresentar
Que aqui tem mais presente
São preciosidades
Escute minha gente
Imagem de Stª Terezinha
D. Úrsula ofertou
Vem agora Senhor Morto
O vigário agraciou
Pe Pedro Albuquerque
Que riqueza nos deixou
Olha que nomes difíceis
Para eu pronunciar
Tenho que ter muito cuidado
Eu não posso gaguejar
São peças tão importantes
E aqui vou lhes falar
O cálice, a âmbula e o paramento
João Batista presenteou
Com muita satisfação
Pelos sobrinhos ele doou
Os lustres foi Isabel Tude
Toda igreja iluminou
A imagem de São José
Foi doada também
Pela família Carneiro
Deixo aqui meus parabéns
Oh ! capela abençoada
Digo aqui e no além
São Roque a família Miranda
Foi quem fez a doação
Santo que Protege de doenças
Não se pode negar não
Até hoje tem devotos
Todos saem em Procissão
Todos esses presentes
Têm histórias pra contar
Aqui o tempo é bem curto
Escute o que vou falar
Pegue o livro e pesquise
Você vai se encantar
Mas para continuar
Eu não posso esquecer
De apresentar os vigários
Isso faço com prazer
Foram 34 padres
Vamos agora conhecer
Todos que aqui passaram
São muitos para citar
Só sei dizer a vocês
Que vieram trabalhar
Baixa Grande privilegiada
Homens dignos e exemplar.
Nos trabalhos sociais
E também em construção
Todos tiveram parcela
Ninguém pode negar não
Eita homens importantes
De abalar o coração
Quero citar aos ouvintes
Trabalhos e alegria
A capela noite e dia
Crescendo sem euforia
Os fiéis contribuindo
Com humildade e simpatia
Toda história sempre tem
Fatos muito importantes
Não vou deixar de citar
Dos padres de bem distante
Vieram do exterior
Eles foram uns gigantes
Há muitos anos vieram
Pe. Amadeu, Pedro e Fortunato
Trabalharam na igreja
Sempre deram seu recado
Quero enumerar alguns
eles são homenageados
Pe. Ricardo, Tiago e Paulo
reverencio também
muito fizeram por a paróquia
dia a dia sempre amém
até hoje tem seus feitos
e exemplos eles têm.
Pe. Vitório, Lucas e Antonio Pintado
Vieram do exterior
Contribuíram pra o crescimento
da paróquia com amor
sempre alertas e organizados
que legado nos deixou
são 150 anos
que a paróquia completou
já passaram muitos vigários
isso provo com louvor
temos uma geração nova
que trabalham com amor
Registro caro leitor
Com fé e sentimento
Respeitanto todos os padres
Desde outrora e no momento
Agradeço a Nossa Senhora
Nossa paróquia em crescimento
É preciso entender
E compreender a história
Muita gente importante
Vai entrar aqui agora
As mulheres de Bx. Grande
Que marcaram na paróquia
Pra não cometer injustiça
E um nome esquecer
Escolhi uma equipe
apresento com prazer
Representando todas mulheres
Que faz a paróquia crescer
Vou começar por Zulima
Que busquei informação
Oh, mulher que tem história
Eu vou resumir então
Desde os 7 anos na igreja
Que ela solta o vozeirão
Professora Maria
Senhora de fé e do lar
Casou-se com Jaime Pamponet
Bx. Grande veio morar
Atuava na igreja
Primeira catequista desse lugar
Atraindo mais fiéis
O grupo só foi crescendo
D. Lió e Zélia Matos
Sempre , sempre aparecendo
Chegou Nene de Antonio Marinho
Meu respeito e contentamento
Com imensa satisfação
De D. Anália vou falar
Fiel e devota de São Roque
Ninguém pode isso negar
Só vivia na igreja
Ajeitava tudo por lá
Professora Izabel
Sempre dedicada foi
Na igreja ainda se doa
E não deixa pra depois
Bem devota e orante
Muita glória dois e dois
Professora Maria Zilda
Devota e destemida
Dedicada a igreja
Sempre foi a sua vida
Muita fé e perseverança
Sua companheira de lida
A missionária Silvina
Na paróquia sempre a frente
Boa evangelizadora
E também muito presente
Participação nas missões
Com os jovens é excelente
Na estrada da vida seguimos
Pra aprender e ensinar
Tudo que vivemos e ouvimos
Procure interpretar
A história da paróquia
Ajude a continuar
Eu andei contando as letras
E as palavras também
pra dizer que na atualidade
tem uma geração do bem
que atuam na igreja
e não perdem pra ninguém
É triste viver sem possuir
Uma história pra contar
Nesse pedaço de chão
Não podemos nos esquivar
Das obras do nosso Deus
Pra que possa executar
Veja bem, leitor amigo
Ainda tenho a explicar
A história da igreja
Se expandia no lugar
Vou falar aqui das festas
Que chegou pra animar
Eram muitas pra citar
Mas também vou lhes dizer
momentos de alegria
Isso digo com prazer
Os fiéis bem animados
Todos juntos pra viver
No mês de janeiro tinha
O reisado pra apresentar
Toda a comunidade
Sempre estava a esperar
A visita do grupo
Pra todos participar
Escolhi as duas festas
Pra puder apresentar
Representando todas outras
E também festejar
Vou falar do mês de Maria
Oh que santa exemplar
E sempre muito animado
Nessa data acontecia
Cada noite uma homenagem
A nossa mãe Maria
Celebrações os devotos
Preparavam noite e dia
Acontecia também
A quermesse com festejos
Os adultos e as crianças
Brincando com muito jeito
Comendo as iguarias
Todos com muito traquejo
Caro leitor amigo
Preste muita atenção
A história da capela é linda
Não para por aí não
Ao ler os fatos, viajei no tempo
E dei asas a imaginação
Padre Fred no momento
É vigário atual
Observador e dinâmico
E também bem natural
Conquistou e abraçou
A comunidade local
Mas também vou relembrar
De todos que aqui passaram
Reverenciando sem nomes
Pra não cometer descaso
Ajoelho e agradeço
Cada tijolo cada passo
Quero agradecer aqui
E dizer para vocês
Que me permitiram versar
E contar de uma vez
A história da capela
Com clareza e altivez
Agora vou encerrar
Não por falta de assunto
São tantas aqui eu digo
Desde os contos mais profundos
Envolvendo a comunidade
Saldando a padroeira ,neste pedaço de mundo.
Autora Adeilza Maria Santos Miranda
Pernambucana de Caruaru, trago o cordel na alma. Acolhida por Baixa Grande há mais de 40 anos, dedico todas as rimas, versos e estrofes deste cordel a cada morador desta cidade. Sem os quais a história da nossa cidade não seria construída e a nossa Paróquia não seria tão amada. E assim vamos tecendo com as histórias de vida. Cantando e contando experiências de cada época.
Logo, a poesia intitulada “Nossa Paróquia: 150 anos de história” teve como fonte o livro “Vida de Baixa Grande” da escritora Judith Souza
Azevedo, Livro de Tombo da paróquia, Bx. Grande em versos do autor João da Silva Oliveira, entrevista com Zulima Laranjeira, Maria Esteves Rodrigues Pamponet, Maria Zilda Araújo dos Santos, Izabel Boaventura.